As portas das Câmaras e Assembleias costumam ficar apinhadas de pedintes profissionais. Aqueles que acham que os deputados e vereadores têm a obrigação de pagar as contas de luz deles, de água, remédios e custear outras necessidades. Às vezes, nem necessidade é, mas, tão-somente, o hábito de pedir.

Na Câmara de Campina Grande não é diferente, principalmente em ano eleitoral. Certa vez, uma senhora postou-se na entrada e ficou a observar os vereadores que desciam, após uma sessão normal.

Na escada, apontou um senhor baixinho, bigode queimado pelo cigarro, uma espécie de réplica física e ideológica de Miguel Arraes.

Era José “Peba” Pereira dos Santos, ou simplesmente o vereador “Peba”, figura lendária na cidade. Sapateiro de profissão, velho militante comunista de fé, preso e espancado pela ditadura, e que conseguiu se eleger vereador em 1982, em Campina Grande.

A mulher excitou-se pela oportunidade de faturar algum. Não conhecia a figura, mas sabia que era vereador. Apelou para o porteiro do prédio:

– Que vereador é aquele?

– É “Peba” – respondeu o homem, para irritação da mulher, que reagiu:

  • Que ele é peba, eu sei; quero saber o nome dele!