Do lendário prefeito de Campina Grande, Severino Cabral, pai do ex-senador e ex-governador Milton Cabral, já contaram várias histórias, tendo como foco sua condição de iletrado, mas que muitas vezes se sobressaia graças ao carisma e à inteligência, em determinados momentos.

Uma das situações mais lembradas era quando “Seu Cabral”, em comício de campanha, prometeu uma obra além dos limites do orçamento. Ao lado, observando o exagero da promessa, o tribuno Raymundo Asfora teria sussurrado:

  • Em convênio com a Sudene!
    E Cabral, equivocado na dica, complementou:
  • E um convento para a Sudene!
    Porém, paradoxalmente, foi o iletrado Cabral que proporcionou a Campina Grande aquisição de seu maior ícone cultural, o Teatro Municipal, conforme já documentou o cronista e procurador de Justiça, Agnelo Amorim.
    Inaugurado em 1963, com direito a um show do humorista José Vasconcelos, o Teatro Municipal, de arrojado design para a época, durante décadas vem abrigando as produções artísticas da cidade e sendo palco para outras artes que visitam a cidade.
    Mas uma vez pronto, a denominação do nome Teatro Municipal Severino Cabral incomodou a “intelectualidade” local.
  • Como um semianalfabeto pode ser nome de teatro? – questionaram na época.
    Em meio polêmica, murmúrios das esquina, eis que uma “comissão de intelectuais” resolveu procurar o prefeito Severino Cabral.
    O grupo fez uma série de alegações, levantando uma gama de argumentos, versando que o teatro tinha que ter um nome de pessoa ligada à cultura. Tinha até um nome a propor: Teatro Municipal Pascoal Carlos Magno.

“Seu” Cabral ouviu a todos, pacientemente”, dando a impressão à comissão de que estava rendido aos argumentos, e por fim, indagou:

  • Plinio Lemos já jogou bola? Não, né? Getúlio Vargas já deu um chute num bola, acho que não, ne? Veja vocês, e têm estádios aqui em Campina e até pelo Brasil afora com o nome deles.
    Reunião encerrada e não se falou mais no assunto. E, com o nome de Severino Cabral, o Teatro Municipal é marco de referência cultural de Campina Grande até hoje.
    Graças ao iletrado!