Guarda-chuva era um desses tipos populares de João Pessoa, que não passam despercebidos na cidade, frequentando praças e corredores dos poderes com a mesma desenvoltura. Tanto são alvos de brincadeira, como brincam também com qualquer autoridade.

Antes, porém, cabe uma descrição sobre o personagem:

Natural de Catolé do Rocha, Guarda Chuva era funcionário da Assembleia Legislativa, onde entrou como vigilante, nomeado por pelo Padre Américo Maia. Mas quase nunca trabalhou. Levava a maior parte do expediente no “bico”, passando o dia no Bar de Dona Chiquinha, no beco da Faculdade.

Morreu em sua terra natal, de cirrose, quando foi mandado de volta, após impedir a entrada, na Assembleia, de três prefeitos, que tinham audiência marcada com Gervásio Maia, o velho.

Certa vez, Guarda-chuva chega no Gabinete de José Lacerda Neto, na Assembleia Legislativa, onde estava o chefe de gabinete, jornalista Chico Pinto; e Rui Barroso. Chico, brincalhão, lembrou-se que há algum tempo viu Guarda-chuva perguntar porque esse povo gosta tanto de Cunha Lima. E, combinado com Rui, iniciou a brincadeira:

– Rui, votasse em quem para governador?

– Claro, em Cássio Cunha Lima.

E para deputado estadual?

– Arthur Cunha Lima.

E para deputado federal?

– Ronaldo Cunha Lima.

E Guarda-chuva, impassível, com os olhos quase fora de órbita, assistindo ao diálogo, quando Rui avisa a Chico que vai ter que sair para ir ao médico.

E Chico:

– Quem é teu médico, Rui?

– Dr. Demostenes da Cunha Lima

Ai Guarda-chuva não se conteve e disparou:

– Vai gostar de Cunha Lima assim no inferno!

Guarda-chuva é o mesmo que, presente à solenidade de diplomação do Humberto Lucena para senador, – eleição contestada até a última hora pelo fato de Humberto ter usado a gráfica do Senado na campanha – na hora que o juiz entregou o esperado diploma, Guarda-chuva, no meio da multidão no Tribunal, soltou o grito:

– Agora não entrega não, prá ver!