Raymundo Asfora, poeta e orador dos bons, que bateu asas para o eterno em 06 de março de 1987, na sua Granja Uirapuru, em Campina Grande, a poucos dias de assumir como vice-governador de Tarcisio Burity, gostava de doido, inteligente e brabo.
Alexandre Tabajara, “caririzeiro” de boa cepa, reunia as três qualidades e tinha admiração do tribuno.
Certa vez, entre copos e versos, o tribuno aconselhou Alexandre a disputar a Prefeitura de Gurjão, na Paraíba. Achava que o amigo, ainda novo, tinha jeito.
Ao jogar a proposta, Alexandre reagiu:
– Oxente, tribuno! Se eu sair candidato eu tenho a unanimidade!
– Então, vamos organizar a campanha e preparar tudo -, sentenciou Asfora, sem contar com a reação de Alexandre:
– Olha, tribuno, eu falei unanimidade, mas contra. Não tenho nem o voto lá de casa.
Asfora riu às escancaras, mas não se deu por vencido. Tinha interesse político na eleição e queria derrotar um médico que lhe fazia oposição no município.
– Então, Alexandre, você não é candidato, mas vai subir no palanque e apoiar o nosso candidato.
E Alexandre, no palanque, entendeu que apoiar candidato de Asfora era esculhambar com o adversário, um jovem médico querido na cidade. E o caminho que encontrou foi desqualificá-lo profissionalmente. E, no discurso, baixava a lenha:
– Olha, esse esculápio não sabe a diferença de termômetro para um extintor. É um perigo para a cidade. Vai matar muita gente porque não sabe nada de Medicina. Não sabe, sequer, diagnosticar uma simples gripe”. E arrematou:
– Certo dia, no Posto de Saúde, ele estava atendendo uma criancinha. Eu vi, com esses olhos que a terra há de comer, ele apertar bem forte o braço de menino e consultá-lo com intimidação, para salvar sua burrice, dizendo:
– Garoto, sem tem febre não me minta!
A multidão caiu em gargalhada; o médico foi eleito e Alexandre continuou, eleitoralmente, uma unanimidade contra.