
Geovaldo de Carvalho
POLÍTICA E BASTIDORES
Criada a partir da Lei 14.193/2021, a SAF – Sociedade Anônima de Futebol – vem permitindo que clubes do Brasil sejam transformados em empresas. Como empresa, óbvio, que o objetivo passar a dar lucro, em detrimento da tradição de cada um, e sobretudo, subestimando a paixão coletiva que emana da torcida.

Um dos grandes exemplos disso foi que a SAF do Botafogo, de João Pessoa, fez agora. A princípio, para a partida com o Flamengo, pela 3ª fase da Copa do Brasil, elevou o preço dos ingressos, ´longe do poder aquisitivo da massa que frequenta os estádios. Como era natural, houve a chiadeira. Incomodados, os dirigentes, friamente, resolveram o problema, transferindo a partida para outro Estado.
E a torcida, como fica? A princípio, um time existe para satisfazer sua torcida. Quem não tinha dinheiro suficiente para comprar um ingresso caro, certamente não terá recursos para ir ao Maranhão assistir ao jogo.
Transferência que, para o” testa de ferro” da SAF, foi ótima e lucrativa para o Clube, digo, a empresa.
Na verdade, daqui pra frente é disso a pior. SAF visa ao lucro. É uma espécie de Cavalo de Troia que está invadido o futebol brasileiro. Levanta clubes pequenos, para impressionar e exibir competência; se cerca de times vitoriosos – mas falidos -, para fazer gerar seus negócios, por gente de fora, sem nenhum compromisso e conhecimentos sobre a cidade ou estado. Lucro em detrimento da paixão!
Ás vezes, também, é bom saber a origem dos dirigentes, pois há risco para o clube. Agora, mesmo, a Justiça Inglesa congelou os bens do proprietário do Chelsea, o russo Roman Abramovich. Resultado: o Chelsea ficou proibido de realizar a venda de novos ingressos ou produtos oficiais em suas lojas, além de estar impossibilitado de contratar jogadores e renovar contratos.
Nessa linha, não se espante se atrás desses Cavalos de Troia, não se descubra um dia, o exercício de lavagem de dinheiro de origens criminosas no meio.
O culpado maior do futebol nacional atingir esse estágio são cartolas despreparados, e alguns desonestos, que faliram e endividaram os clubes, permitindo o repasse do comando a essas Sociedades.