Comício em Catolé do Rocha, terra dos Maias, família de João Agripino, líder da campanha udenista. Américo Maia, o irmão mais velho, entrou na praça montado a cavalo, na frente de dezenas de homens, todos também montados, os cascos estalando nas pedras.
E mandaram avisar que se um Maia fosse atacado o comício seria dissolvido.
José Américo subiu ao palanque, viu cinqüenta pessoas assustadas nas portas das casas com medo da briga, e, bem em frente, Américo Maia e seus homens nos seus cavalos. Pegou o microfone e gritou:
– Américo Maia, Américo Maia, eu te conheci em 30, chorando de medo e de susto, na revolução. Eu te conheci em 32, morrendo medo e de fome, na seca. Construí aqui o açude, cujas águas são tantas que sobram para lavar minhas mãos limpas, mas não chega para lavar tua fraqueza. Dei-te emprego e tirei-te da lama.
Parou, olhou longamente a praça, abriu o paletó:
– Marcha, Américo Maia, e mata teu benfeitor!
Um a um, em fila indiana, os cavaleiros abandonaram a praça, os cascos estalando na pedra. Na frente, Américo Maia.
(Sebastião Nery)